segunda-feira, 23 de março de 2015

O cinema que Santa Maria faz

Na última quinta-feira (19/03) tive o privilégio de assistir ao lançamento do filme santa-mariense, "Quanto mais suicidas, menos suicidas”, curta-metragem de humor dirigido por Maurício Canterle. A exibição aconteceu na Sala Eduardo Hirtz, da Cinemateca Paulo Amorim, da Casa de Cultura Mario Quintana, com público que lotou o espaço.

Além de reencontrar muitos amigos nos instantes que antecederam a sessão – o que foi um momento de regozijo – tive o prazer de ver, refletir e debater o filme e a produção santa-mariense na telona. As realizações audiovisuais da cidade são orgulho para muitos.

O texto que segue é de contemplação e reverência a um filme muito bem elaborado. É no elogio ao filme que centro minhas palavras.

Trabalhar com um tema delicado como o suicídio não é tarefa fácil. Fazer humor genuíno no cinema também é uma questão difícil. Quem já sentiu o gosto da pólvora ou a falta de chão – metaforicamente, se quiserem – entende que é uma linha tênue que divide o acertar a mão no roteiro e na direção ao tratar de um assunto tão denso para muitos. Eles conseguiram. Com humor, insisto.

A noite reservou uma produção ímpar. Não há uma das funções que não tenha corroborado para que o curta chegasse ao ótimo resultado. E são muitas as funções. Destaco algumas para reiterar esse desfecho.

Começo pela direção do Maurício. Vejo nele um grande talento para essa função não é de hoje. Digo isso, pois a preocupação dele com o resultado final é evidente. Lançar é uma coisa. Fazer tudo para que esse lançamento seja o mais coerente com o que tu queres mostrar é outra. O Canterle pensa no que vai chegar à tela. E o principal, como vai chegar.

E se ele conseguiu fazer o que desejava foi porque a Luísa Copetti e o Paulo Teixeira, diretores de produção, conseguiram deixar tudo pronto para isso.

As interpretações do Zé Vitor Castiel, Rafael Pimenta, Jader Guterres e do Tiago Teles estão no ponto do humor. Um completa o outro num sarcasmo desvelado ao correr de cada cena, na montagem do próprio Canterle. E o decorrer é amplificado pela exímia trilha do Márcio Echeverria. 

A direção de arte da Luísa Copetti está rigorosamente no ponto. Nem mais, nem menos. A cada filme a Luísa ratifica o diálogo da arte com a direção de fotografia, no caso do Rafael Rigon - revelação que se afirma a cada novo trabalho, com parceria perfeita na cor do Renan Casarin, na maquiagem da Bárbara Degrandi e no roteiro, já destacado, escrito pelo Tomás Fleck.

E tudo isso foi possível, porque produtores executivos escrevem o projeto, inscrevem em leis e fazem a carruagem rodar. No caso, premiados pelo sistema Pró-Cultura – FAC – Fundo de Apoio à Cultura – 12º Prêmio Iecine da Secretaria de Estado da Cultura. Parabéns Christian Lüdtke e Daiane Marin. Palmas às empresas Finish Produtora e D. Marin Plannejamento Cultural, além da sempre colaboração e incentivo aos projetos de Santa Maria, da produtora Juliane Fossatti.

Realizações como essas só demonstram o quanto Santa Maria tem um dom inato para o cinema. Exemplos não faltam. Nossas produções, cineclubes, cinemas de calçada, festivais e talentos para a arte das imagens em movimento. Estão aí o Maurício e sua equipe para dar mais uma prova disso.

Sou um bairrista. Todos que me conhecem sabem do amor que nutro por minha terra natal.

E para os santa-marienses, a oportunidade de ir ao lançamento será nesse segunda (23/03). O filme será exibido no Cineclube Lanterninha Aurélio da Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria – CESMA. A sessão começa às 18h. Assista ao teaser com o link abaixo.

Encerro afirmando – ou seria gritando - Santa Maria é um polo cinematográfico, onde há décadas muitas pessoas e iniciativas são protagonistas. Virar-se de costas para isso é um absurdo inaceitável. Entendam como quiserem.